Eu era um naturista muito inexperiente. Não posso dizer que não o seja hoje, mas na época eu não sabia o que era um encontro naturista de fato, pois nunca tinha tido nenhuma experiência verdadeira e genuinamente naturista. Mas conheci algumas pessoas que me mostraram como é ser parte desse meio.
Uma delas era uma garota muito jovem, que usava roupas leves, gostava de laços e tinha voz doce. Ela dizia que às vezes ficava incomodada com o fato de ser vista como uma menina, pois já era uma mulher casada, independente, que estava construindo sua própria família e fazendo seu curso universitário. Não era, no entanto, esta impressão que se tinha quando a conhecíamos, o que não era nada mal: ela ainda era aquela doce garota, gentil, prestativa e extremamente educada. Ainda assim, uma garota.
Mais tarde, em nosso encontro naturista, ela livrou-se dos laços e das roupas leves, do rosa e do branco, e de toda aquela aparência que ela trazia. O que talvez ela não houvesse notado é que não era somente disso que ela se livrava: junto com toda a indumentária, ia embora também aquela garota frágil, que dava lugar à mulher segura, divertida e da mesma forma gentil, prestativa e educada que ela tanto sonhava em mostrar. Ela era, agora, inteira.
Foi-me dito ainda neste encontro que eu mesmo, nu, era outra pessoa. Eu era eu, e não aquele garoto-brinquedo, monocromático, que queria ser quem não era. Eu não era mais meramente aquele fanático em jogos bobo e incompleto. Eu também era, agora, inteiro.
O naturismo também traz a beleza de derrubar as primeiras impressões, de rasgar rótulos e de nos mostrar quem realmente somos. Nós mesmos talvez não percebamos, mas agimos de maneira muito mais genuína quando estamos nus, pois não nos livramos apenas de casca e de abrigo: nos livramos de amarras, e somos livres para ser, de fato, quem somos.
O vídeo a seguir mostra a reação de amigos que se veem nus pela primeira vez na vida.
B. Piatto
Membro do JNIP