Alguns dias atrás uma amiga me disse que estava no Facebook e numa conversa com outra pessoa disse que era naturista/nudista. Poucos minutos depois o seu parceiro queria que ela se mostrasse sem as roupas. Isso tem sido frequentemente observado nos sites de relacionamentos, as pessoas pensam que o naturista/nudista tem que ficar se mostrando como se estivesse numa vitrine.
Tinha me comprometido a falar sobre esse assunto no II Encontro Norte Nordeste de Naturismo, mas esqueci de fazer essa abordagem, também ninguém perguntou coisa alguma, acho que todos sabem muito sobre Naturismo/Nudismo, só eu tenho dúvidas...
Tenho dúvidas, por exemplo, dos motivos que levam naturistas aceitarem que determinados programas venha fazer matérias que não possuem competência alguma para falar sobre Naturismo. O Pânico na TV é um desses programas que coloca a mulher numa posição como se fosse um objeto descartável ou para uso. O corpo é destacado como se nada tivesse de valor, a mulher é desmoralizada, usada e no fundo do vídeo sempre um assobio “fiu fiu”. Perde a mulher, perde o Naturismo.
Algumas pessoas justificam tal permissividade em função de audiência. Visibilidade equivocada não é melhor do que a verdade que defendemos. Não precisamos de quantidade de praticantes e sim de pessoas que desejam crescer e de vivenciar um estilo de vida que prega antes de tudo o respeito por nossas diferenças. Estive em quatro programas na televisão no mês de fevereiro e todos eles só realizaram perguntas inteligentes e nenhuma gracinha.
Na véspera de realizar uma palestra para alunos da Faculdade de Psicologia, o que poderá ser dito para aqueles que assistiram uma matéria sobre Naturismo no Pânico? Que é legal, oba-oba, cervejada, tudo é festa. Entrevista mesmo não houve nenhuma, só perguntas com duplo sentido, puxando pelo lado malicioso. Bom, talvez os psicólogos poderão ajudar a resolver essa disfunção mental.
Certa vez comentei com um amigo sobre um assunto que eu iria escrever, ele me disse que se fizesse a abordagem pretendida que iria perder o conceito até então conquistado. Foi aí que me dei conta de que nunca escrevi coisa alguma para agradar ninguém, nem mesmo as mídias naturistas.
Mas tudo isso tem uma explicação que muitos ainda não conseguem entender, chamamos de “Consciência” (o amigo Augusto diz que quase sempre cito essa palavra em meus textos). Dentro dos estudos da consciência temos quatro fases de identificações:
1) Identificação com o corpo, quando as pessoas mais pensam em sexo e comida. Podemos, sem medo de errar, afirmar um percentual significativo de pessoas vive nessa identificação, em torno de 70%;
2) Identificação com a Mente, nesse grupo encontramos os filósofos, matemáticos, cientistas. Uma mente lógica, dividida, racional. Chega a ser um subproduto do primeiro item;
3) Identificação com o coração, podemos aqui elencar os poetas, músicos, mais sensível, mais amoroso e por último
4) O Transcendental, aquele ser iluminado, todos os aspectos negativos da vida foram sucumbidos, é o próprio ser, aquele que se encontrou dentro de um contexto mais amplo.
Onde a maioria das pessoas se encontra? Está explicado o motivo de termos poucos praticantes do Naturismo, a busca dessa massa de pessoas está voltada para o corpo, no mais baixo nível da consciência. A prática do Naturismo consciente é para ultrapassar essa identificação, mas se permitirmos uma mídia cujos valores estão ainda enraizados nas aparências, em nada acrescenta ao movimento naturista, muito ao contrário, somente atesta que somos um bando de depravados.
Os naturistas não devem ser contraditórios do que realmente acreditam, a escolha do tipo de programa e do entrevistador deve ser realizada com bastante cautela, de forma tal que não coloque em dúvida o Naturismo, que não sejamos motivos de piadas e chacotas. Definitivamente, não precisamos disso.
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